quarta-feira, 2 de março de 2011

Publicidade, Carnaval, Camarotes e Projeção

Vejam as campanhas publicitárias dos camarotes para o carnaval em Salvador.
Qual a mensagem que é veiculada?


Camarote do Reino

Camarote Skol

Camarotes e Multidões

28 de Fevereiro de 2011 - por Emiliano José

Camarotes e multidões

Emiliano José*

É tempo de viver a folia. Mas por que não pensar também na organização da folia? No que acontece com as diversas camadas da população? No tipo de participação que o carnaval possibilita? Na utilização do espaço público? Sei que quando se toca no assunto, sempre há a reação: isso é papo dos conservadores, dos que não acompanham as inevitáveis mudanças. Mas quero ousar discutir, para além das reações. Ou até para que elas venham e a discussão se estabeleça, se é que se estabelecerá. Porque no mais das vezes o que se quer é o silêncio diante de assuntos explosivos. Especialmente quando o tema envolve negócios, e bons negócios.

Meu amigo Antonio Risério, há poucos dias, tratou da vida em condomínios. Da recusa da vida na cidade. Do apartheid que vai se estabelecendo sem que as pessoas se apercebam de que com isso o direito à cidade está sendo fraudado. Nessas pequenas comunidades isoladas, para citar apenas um aspecto, nossas crianças vão se formando sem a multiplicidade de convivências que o mundo urbano pode propiciar. A vizinhança se restringe àquelas poucas pessoas do meu condomínio. Risério tratou do assunto bem, e eu me intrometo de passagem para elogiar o tratamento que ele deu e para tratar de outra espécie de apartheid.

São vários os apartheids originados da organização do carnaval em Salvador nos últimos anos. Passa ano, vem ano e eles só se agravam. Discuto isso desde o início de 2000. Falo sempre dos cordeiros – que nome, hein? – submetidos a um regime de trabalho semi-escravo, negros convertidos em guardiães dos brancos bem nascidos protegidos por cordas, as cordas que eles sustentam, afastando a multidão ignara que os pressiona de fora. A multidão a que eles pertencem. Tem havido esforços para regulamentar a atividade, especialmente com a intervenção, nesse caso apropriada, do Ministério Público. Não muda, no entanto, o apartheid. De um lado a multidão de fora das cordas. De outro, os que pagam proteção e brincam no interior das cordas.

Muitos dos que brincam dentro das cordas nunca saem dali. Há turistas que chegam aos hotéis, embarcam nos ônibus, descem protegidos por seguranças, entram nas cordas, e dali voltam para suas camas, sem sequer interagir com Salvador, com a complexidade da cidade. Com esse tipo de organização do espaço, com privilégio para tais blocos, o chamado folião pipoca é obviamente marginalizado. Tem, mais do que nunca, que buscar seu espaço a cotoveladas, contra as cordas, contra a óbvia privatização do espaço que deveria ser de todos, e cada vez menos é de todos. Ainda bem que o governo do Estado tem dado força ao Programa Ouro Negro, valorizando os blocos de matriz africana.

A outra praga – me desculpem a expressão – é a dos camarotes. Outro óbvio apartheid. Aqui se pretende, quem sabe, organizar o carnaval espetáculo. Uma platéia seleta que vê o trio passar, e que bebe, e que come, e que paga, e paga alto, para fruir o espetáculo. E aqui há a clara, claríssima pretensão de distinguir-se da multidão, de não se misturar com o povo, de afastar-se dos odores, suores, transpirações, pega-pega das multidões, dos pobres que se embriagam metafórica ou verdadeiramente com a beleza do carnaval, mesmo que lhe tentem subtrair espaço de todas as maneiras. De certa maneira, que me desculpem novamente por essa outra expressão que pode parecer ofensiva, voltamos à famosa luta de classes.

Nada de misturas. Elas são inconvenientes. Os palácios se reproduzem em ambientes cinematográficos, devidamente aromatizados, a depender do gosto do freguês, o ar condicionado evitando ou minimizando o suor. E lá embaixo, sim, porque a multidão fica lá embaixo, os pobres pulam, e se divertem, e se envolvem numa alegria extraordinária, apesar de tudo, e ainda bem que seja assim, que tenhamos um povo com tanta capacidade para fruir a vida, mesmo que lhe roubem o espaço público, espaço que deveria ser inteiramente dele. Eu torço para que um dia no carnaval da Bahia as cordas sejam abolidas, as praças e as ruas sejam do povo, não haja embaixo e em cima, e que as multidões sejam as donas da cidade nos dias da festa. 

*jornalista, escritor, deputado federal (PT/BA)

Nota de Esclarecimento

Prezados alunos, 

o tópico onde constava a ilustração de uma lâmina do teste de Roschach foi excluído do Blog.
Fui orientado pela Comissão de Orientação e Fiscalização  do CRP 03, que por se tratar material exclusivo do psicólogo, não poderia ser veiculado, mesmo em situação de ensino.

Em tempo soube também, que os livros sobre testes psicológicos não podem ficar na biblioteca central da Faculdade e sim no Serviço de Psicologia, onde somente professores e alunos sob supervisão podem manusear.

Esse fato é importante, uma vez que temos que ficar atentos, e mesmo com boas intenções, podemos cometer faltas contra o nosso código de ética.

Em tempo divulgo o e-mail da Comissão de Orientação e Fiscalização para possíveis denúncias: cof@crp03.org.br 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Resumo: Empatia, Projeção e Identificação no Processo da Criação Publicitária.

Colaboração: THAISE DA CRUZ DOS SANTOS

Alguns fatores de ordem psicológica são largamente utilizados para que o publicitário alcance seus objetivos. Entre eles encontramos freqüentemente a empatia, projeção e identificação, sem descartar o poder de outros fatores de influência como os grupos de referência, as classes sociais, as promoções, as teorias econômicas, os processos de transformação social, o uso das cores e muitos outros que igualmente têm o poder de determinar atitudes favoráveis de compra.

Portanto entende-se que na construção da comunicação publicitária, se esses fatores forem dosados de forma adequada, isolados ou combinados, podem determinar o nível qualitativo das mensagens nos anúncios, independente do meio em que serão veiculadas. Outro ponto importante é a capacidade que têm de agrupar as linhas individuais de conduta, existentes dentro da massa, em torno de um ponto comum, destacando-o ao mesmo tempo em que mantém os divergentes ocultos da percepção do consumidor.

A publicidade, como as relações públicas, a propaganda, a aplicação da própria psicologia é uma arte de persuadir, de transformar as opiniões e as atitudes utilizando a comunicação e a informação. Surgiu com o homem, pois desde que ele existe , existem trocas, inter-relações, persuasores e persuadidos. Com isso, o consumidor especializou-se na análise dos comerciais sabendo apreciar aqueles que, de fato, têm qualidade e que conseguem, de alguma forma, mexer com sua estrutura emocional.

Nesse contexto a venda tem uma dimensão psicológica evidente, por se tratar de satisfazer as necessidades e principalmente por se tratar de uma inter-relação específica de um fenômeno essencialmente humano. Reside aí a arte de persuadir, transformar opiniões, atitudes e levar o indivíduo a uma ação desejada previamente pelo persuasor. Conseqüentemente, cabe ao o anúncio ou à mensagem publicitária tornar a massa consciente da necessidade, a fim de despertar-lhe o desejo mostrando o produto como sendo objeto de satisfação e da necessidade manifestada pelo desejo.

Os veículos de Comunicação de massa, o conteúdo das mensagens e todo o processo de persuasão só encontram sucesso se o alvo for previamente estudado e todas as barreiras forem transpostas, o que implica em um detalhado estudo e conhecimento psicológico em termos de comportamento do público alvo. Nesse contexto estão inseridos suas emoções, sentimentos, crenças, aspirações, preferências subjetivas, tendências e os desejos entre outros elementos do composto afetivo do ser humano. No entanto o mesmo é dotado de mecanismos de defesa como a projeção, a transferência, a formação reativa, dentre outros que atuam com o intuito de preservar o equilíbrio psicológico, mantendo o "eu indivíduo" protegido de frustrações, conflitos e ansiedades.
Muitos dos padrões de respostas, das características, atitudes e motivos humanos são adquiridos na infância, como conseqüência de aprendizagem social.  A identificação é um deles e pode ser considerada como um impulso ou motivo apreendido para ser com o outro indivíduo. Segundo Freud (1922), "um caminho por via da imitação, conduz da identificação à empatia, isto é, à compreensão do mecanismo pelo qual ficamos capacitados para assumir qualquer atitude em relação à vida mental". Sendo assim, a empatia é tida como a capacidade de nos identificarmos com outras pessoas, experimentando os mesmos sentimentos que elas experimentam ou vivendo mentalmente situações que desejaríamos experimentar.

A empatia , assim como a identificação está presente em quase todas as mensagens publicitárias , e é através dela que se consegue colocar a consciência do indivíduo nos estados de atenção, interesse, desejo e principalmente ação. Atualmente são muitos os comercias em que o telespectador "sente o pavor eminente de um acidente acontecendo: de repente, ele é arrancado de sua poltrona preferida e é lançado numa rodovia, com o carro levando toda sua família, após uma curva não consegue controlar o carro que irá se precipitar por uma ribanceira. Situações como essa são largamente exploradas para promover a venda de amortecedores, pneus, dispositivos de suspensão e outras centenas de autopeças.

Outro processo associado à publicidade é projeção. O mesmo é considerado como a capacidade que o indivíduo possui de transportar seus estados emocionais não aceitos em outras pessoas, objetos ou situações. Sendo a projeção um mecanismo de defesa, conforme já exposto, o indivíduo faz uso dele para emitir uma força psicológica igual e de mesma intensidade para se proteger do estímulo contido.

Pode-se afirmar que a projeção ocorre muito mais freqüentemente no momento da criação da mensagem publicitária do que no momento da recepção desta, uma vez que o publicitário quando estabelece o conteúdo e a forma da mensagem fatalmente projeta os seus estados afetivos e emocionais num processo que ocorre inconscientemente, para a mensagem que será criada.

Os processos de projeção e identificação agem de acordo com a percepção individual, assumindo um tom particular e diferenciado em função do conjunto formado pelos valores, atitudes, caráter e pela própria personalidade dos indivíduos que se constituem em alvo das mensagens publicitárias. Porém, a empatia requer a ocorrência da identificação preliminarmente. Ninguém sente ou se deixa envolver por mensagens nas quais não encontre elementos comuns ao seu aparelho psíquico. Esses processos a que nos referimos podem ocorrer sucessivamente, dentro de um padrão harmonioso, entretanto, para que ocorra a recepção real da mensagem conscientemente é necessário que um dos processos se desenvolva no indivíduo, seja a identificação, a empatia ou projeção.
A identificação com a mensagem publicitária ou com os símbolos empregados nela ocorre de forma inconsciente, enquanto a empatia determina uma compreensão do mecanismo que leva o sujeito à ação, portanto, a empatia é um processo que ocorre conscientemente, agindo dentro do composto afetivo do indivíduo. Entendido assim pode-se concluir que não há mensagem publicitária que não seja estruturada em todos os mecanismos explicitados. Sem eles a publicidade não é interiorizada e sem isso as ações demandadas dela não ocorreriam.

Referência:
TARSITANO,Paulo Rogério. Empatia, Projeção e Identificação no Processo
da Criação Publicitária. Pag. 1-10, ANO 19XX.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Teste de Rorschach

O teste de Rorschach, como todos os testes projetivos, baseia-se na chamada hipótese projetiva. De acordo com essa hipótese, a pessoa a ser testada, ao procurar organizar uma informação ambígua (ou seja, sem um significado claro, como as pranchas do teste de Rorschach), projeta aspectos de sua própria personalidade. O intérprete (ou seja, o psicólogo que aplica o teste) teria assim a possibilidade de, trabalhando por assim dizer "de trás para frente", reconstruir os aspectos da personalidade que levaram às respostas dadas.
A hipótese projetiva baseia-se no conceito freudiano de projeção: um mecanismo de defesa, através do qual o indivíduo atribui de maneira inconsciente caracteristicas negativas da própria personalidade a outras pessoas (projeção clássica). Apesar de a projeção clássica carecer de confirmação empírica e ser assim alvo de controvérsias, há ainda um outro caso de projeção que conta com uma relativa unanimidade entre os estudiosos: a projeção generalizada ou assimilativa. Esta é a tendência de determinadas características da personalidade, necessidades e experiências de vida de influenciar o indivíduo na interpretação de estímulos ambíguos. De acordo com os defensores do uso de testes projetivos, tais testes possuem duas grandes vantagens em compração aos testes estruturados: (a) eles "enganam" os mecanismos de defesa do indivíduo e (b) permitem ao intérprete do teste ter acesso a conteúdos não acessíveis à consciência do indivíduo testado.

A Publicidade e a Projeção

Que tipo de projeção essa propaganda veicula?